Proibido pagar com dinheiro
No momento em que escrevo este texto estamos em março 2020, em plena crise sanitária mundial.
Semana passada decidi pedir uma pizza e ao verificar se a pizzaria estava aberta a ordem foi clara: “só aceitamos pagamento online”.
Na Bélgica, agora é prática comum os pagamentos serem aceitos apenas com cartão, para comprar o que ainda pode ser comprado.
A própria Organização Mundial da Saúde recomenda que todos utilizem meios de pagamento sem contato, o que faz todo sentido no atual momento.
Acredito que esta simples recomendação, além da evidente questão sanitária, vai influenciar o comportamento de muita gente, tanto no consumo como na relação com o dinheiro.
Mais do que nunca, o dinheiro virou um número virtual, abstrato, que está em uma conta e que é acessível através de um cartão. Ele é sujo e não devemos tocá-lo. Será?
De fato o papel moeda, possui inúmeras bactérias que podem causar doenças, isso já foi provado cientificamente.
Então, o velho conselho de lavar bem as mãos depois de manusear dinheiro vivo é sempre válido.
No entanto, se ouvimos repetidas vezes “Dinheiro é sujo”, podemos associá-lo com algo ruim o que fará com que tenhamos uma relação no mínimo complicada com ele.
O nosso cérebro cria imagens e se a imagem associada for “dinheiro é ruim”, “dinheiro faz mal”, “dinheiro traz doenças”, de alguma maneira o inconsciente será programado para manter o dinheiro longe, até por uma questão de sobrevivência de quem acredita nisso.
O dinheiro está impresso em um papel que como outras superfícies se sujam, e por isso é importante a higienização das mãos.
Mas, isso se refere às cédulas de dinheiro e não ao conceito de dinheiro e é aqui que está a grande diferença.
Já sabemos que quando a crise sanitária passar, o mundo como conhecemos não será mais o mesmo, mas ainda não sabemos ao certo quais serão as mudanças.
Pode ser que os nossos hábitos mudem e que o uso de papel moeda vire raridade, seja tirado de circulação ou até desapareça.
Se isso acontecer, muitas outras consequências virão.
Mesmo nessa incerteza, temos a oportunidade de separar o papel moeda do conceito de dinheiro e podemos dar a ele o seu justo lugar, que não é no papel.
Um dos “papéis” do dinheiro é o de facilitar as nossas transações comerciais, dar valor a um produto ou serviço, e ser acima de tudo um ponto de referência comum.
Então, se por acaso você percebeu que acredita que o (conceito) de dinheiro é sujo, ruim, que corrompe e já sabe que ele não anda fluindo na sua vida, convido você a imaginar uma grande quantia de dinheiro entrando na sua conta e que ele não te corrompe.
Como você se sentiria? O que você faria com este dinheiro neste momento, sabendo que não pode pagar em cash?
Texto por Gina Salazar
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