Ter um sócio ou empreender sozinho(a)?
Todo empreendimento começa com uma ideia. E quando essa ideia começa a tomar forma, é comum o questionamento: “qual a melhor forma de abrir meu negócio? Devo fazer isso sozinho ou com um parceiro?” Questionamentos como esse surgem por parte do novo empresário, principalmente pela dúvida se vale a pena assumir todo risco e responsabilidade, sozinho, ou se deve aceitar a cooperação e participação de alguém que traga conhecimento, às vezes, capital, mas sempre a confiança a esse novo empreendimento.
Minha trajetória de empreender iniciou aos 21 anos, com amigas de trabalho que se transformaram em sócias.
Após o primeiro ano, depois de tantos sonhos e pouco planejamento, eu vi tudo se transformar em pesadelo.
Foram anos e anos difíceis, período em que até pensei em desistir.
Desolada, arrasada e sem dinheiro, pensei em voltar para o mercado de trabalho.
Do sonho à frustração imensa que assolava meus pensamentos, um sentimento de derrota.
Vi a frustração de perto, a olho nu.
Passei dias, isolada, chorando e tentando entender o que tinha acontecido, onde eu tinha falhado como empreendedora. Muitas pessoas erram em não delegar a seus sócios, e de repente assumem um comportamento centralizador. Mas no meu caso, foi o contrário. E aos 22 anos, tinha delegado para outras pessoas a responsabilidade e o leme da minha vida.
E inegavelmente este erro traz difíceis consequências. Meus familiares, amigos mais próximo, e namorado, que se tornou meu marido foram decisivos naquele momento, me ajudaram financeiramente e principalmente emocionalmente, dando suporte, com diálogos que me ajudaram a ter uma visão crítica sobre essa sociedade e fortalecendo uma base para me reconstruir.
Aos poucos fui tomando consciência e entendendo o quanto eu era responsável, ou melhor, irresponsável no quesito empreender e tornar um sonho, realidade. Estava em minhas mãos, não só a minha vida, mas a transformação da história de uma família inteira. Para o sonho se tornar real, era preciso planejamento.
Como a decisão foi dar continuidade à empresa, do dia para noite eu me vi sozinha, com compromissos profissionais gigantescos para atender.
Quem trabalha em Departamento de Pessoal, Recursos Humanos, entenderá o sufoco e porque passei dois dias tentando rodar uma rescisão para um cliente da época. Eram qualificações e conhecimento que não detinha, ou seja, eu precisava desenvolver todas essas habilidades para não gerar mais problemas para terceiros.
Como acredito que Deus não dá uma carga maior do que podemos suportar, o que era sofrimento e dor, foi se transformando em possibilidades. Foram dias sombrios, mas de muito aprendizado e persistência!
Planejamento, resiliência e um rigoroso corte nos custos, foram fundamentais para esta virada. E como providência imediata, transferi a empresa para a nossa residência e estava determinada a recomeçar de forma mais simples, porém mais sustentável.
Meus irmãos contribuíram muito, trazendo vivências, experiências, oriundas de diferentes estilos e personalidade, iniciando como colaboradores do meu projeto, cada um em um departamento. E esse modelo de parceria durou muitos anos.
De forma não muito estruturada, depois de um período de observação, achei que fazia sentido eles serem meus sócios, afinal, seria bom esse convívio e divisão de tarefas em busca de crescimento. E assim, com coragem, fiz a proposta! E eles toparam, mesmo um pouco céticos, não concordando completamente (risos).
Após alguns anos, percebi que isso não foi um caso de sucesso, éramos cinco irmãos, correndo atrás do meu sonho. Aprendi em empreendedorismo na prática, que não devemos fazer os outros abraçar nossos sonhos, nossa visão de mundo e todas as nossas expectativas. Continuamos irmãos, mas tenho consciência que causei alguns danos nessa jornada e adquiri muito aprendizado.
E a vida empreendedora é pulsante, de muitas lições e nos traz surpresas!
Atualmente, uma das minhas irmãs continua minha sócia, a menos provável nesse caminho, e se há um fato que vi nessa trajetória é que vida é muito maluca e imprevisível.
Mas o mais legal é que nesse caminho, tiramos uma família inteira da comunidade que morávamos e realizamos sonhos, alguns mais significativos e outros nem tanto. E assim é o empreendedorismo que muitas vezes traz significados diferentes a pessoas diferentes.
E após tantos sonhos, tantas experiências e constatações; fica a reflexão:
A pergunta inicial sobre ter um sócio (a) ou empreender sozinho(a)?
Para mim a resposta é única, empreender sozinho é muito triste, uma jornada muito solitária. Além do mais não geraria as experiências e amadurecimento que possuo atualmente, se não tivesse percorrido os degraus e tomado os tombos ao longo desses anos.
Cada pessoa que passou em minha vida profissional me ajudou a ser a profissional que sou hoje. Me fez acreditar e trilhar o caminho de busca pelo autoconhecimento, me ajudou e ajuda a ser uma líder e buscar conhecimento constantemente, ou seja, a construir a melhor forma de mim, todos os dias.
#juntossomosmaisfortes
Texto por Inez Lemos Lopes
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Parabens Inez, excelente artigo atraves de seu relato , tanto conseguiu nos exemplificar as dificuldades e contar sua historia.
Bjs
Lu não canso de dizer que você faz parte de rol de pessoas que amo e que admiro. Você percebeu e abriu portas que eu desconhecia.
Muito bom seu depoimento. Corajoso e estimulante. Que Deus continue a te abençoar e prosperar. Bj grande.
Paulo, obrigada pelo carinho.
Parabéns Inez, sua trajetória é disposição é um exemplo!!!
Le
Obrigada pelo carinho e amizade ao longo desses anos.
Inez
–
Obrigada pela mensagem. 🙂
Inez
Inêz sua linda!
Admiro e respeito tanto sua história, força e coragem.
Quando eu crescer quero ser igual a você…
Obrigada por me permitir entrar na sua recente jornada e por ser quem é… um exemplo…
Bjos
Deia
Você já é crescida e GIGANTE.
Eu que agradeço por você fazer parte da minha jornada.
Inez
parabéns prla experiência. seu texto é inspirador
Fernando
Obrigada pela mensagem de carinho.
Inez